Thursday, December 30, 2004

 

ôôôôôôôô

"Rio porque me lembro de quando íamos para o sítio de carro com meus pais, eu e minha irmã no banco traseiro. Curva para o meu lado, e eu jogava o corpo para cima dela, fazendo "ôôôôôôôô". Curva para o lado dela, e era ela que caía para cá: "ôôôôôôôô". A lembrança me bate com tanta força que chego a sentir o cheiro da cabeça da minha irmã, que ela dizia que era do cabelo, e eu dizia que era da cabeça, porque ela mudava de shampoo e o cheiro continuava o mesmo, e ela dizia que eu era criança e confundia tudo, mas eu tinha certeza que aquele cheiro era da cabeça dela, então ela me perguntava como era o cheiro, e eu perdia a graça porque não sabia explicar um cheiro, daí ela dizia "tá vendo", mas a verdade é que nunca esqueci, já cheirei a cabeça de muitas mulheres e nunca mais senti nada igual."

Chico Buarque em Estorvo

por João Victor, lembrando do cheiro da cabeça de alguém... nunca havia sentido nada igual...

Wednesday, December 29, 2004

 

Do mal



Trevor Brown, um ilustrador inquietante.

Deixado por Alê, entre as páginas de algum livro religioso.

Tuesday, December 28, 2004

 

Retrô

E se o passado volta em carne para inflamar tua noite? E se no meio da tua nova vida, certas antigas coisas ainda te tocam, ainda arrebatam? Não é novo, nem velho, não é no tempo, é no momento, aquele, o único, em que nada precisa de sentido. Pelo que está. Sentindo.
Nem de história, passada ou futura. O que interessa é a chama. Seu calor, sua luz.

Em antigos embates da química entre-corpos contra a frequência entre-mentes, eu sempre sai perdendo e ganhando. Sempre tive o que aprender com ambos. Hoje tento aprender com a paz. E penso, espero, que desse conhecimento aconteça a sabedoria.

Cahê revisited

Sunday, December 26, 2004

 

Lembrando da equação de frascos e perfumes, penso que, talvez, pequenos corpos contenham grandes escritores.

O sol se pondo no mar, a mística do momento em que a noite chega. E, mais ainda, do passar do tempo.
A mundança de cores, a idéia de beleza no fim e no princípio. Na mudança enfim. Na inevitável mudança de cada dia. Na impossível permamência, em tempo e espaço, essa que, quando a luz oscila, se mostra uma pífia invenção memorial.
E eu, olhando o mar prata, e pensando na semelhança com uma folha de papel laminado, me peguei, ou apeguei, aos detalhes de se ter em casa pequenas coisas tão impressionantes quanto folhas de mar no pôr-do-sol, cristais de areia transparentes com o límpido líquido inodoro retido na palma da minha mão e uma pitada do cheiro de maresia na minha comida. A praia desconstruida em ignobilidades domésticas.
Ou, preferir a poesia ao tamanho das coisas.


Cahê, deixando debaixo da árvore de natal, atrasado, claro, um presente para seus amigos e suas amigas secretos ou cultos. ou apenas discretos. Todos, certamente, amados.

Saturday, December 25, 2004

 

Depilação total causa esquizofrenia...

É, meus caros amigos, descobri isso faz uns dois dias... Comecei a me dar conta quando em
determinado momento estava sozinho e por acaso resvalei meus dedos em um tronco de amora... Fiquei surpreso, quase assustado pois me sabia só... Instantes depois pude constatar ao ver meus frutos de tangerineira, que o tal tronco era o meu próprio... Não (re)conhecia a mim mesmo... E me tocava como a outro(a)... Por outro lado, comecei a sentir um grande desejo de algo assim como uma autoantropofagia, se é que vocês me entendem (sei que sim...)... Bom, foi mais ou menos o que aconteceu... A amora refletida engolia saborosamente a imagem de um(a) tangerina que sangrava em vinho avermelhado e visgos-bálsamos, respirações e gemidos tamóricos... eu: eou: ela... Todos nós...
recomendamos a esquizofrenia e a antropofagia de drinks como esse...

por tangerina João Victor... eu acho... (nesse caso é tão prazeroso achar!)

 

Aqui estão as tais sobre a tal... e/ou sob A TAL

Como havia prometido em meio a sombra avermelhada das amoreiras aqui estão as tais obras de Magritte inspiradas naquela foto... Mas - me dirão- esta foto é recente e ele morreu há muito. Mas para aqueles que não sabem, Magritte está vivo, porém vive disfarçado, sempre de sobretudo preto, chapéu côco da mesma cor... e o mais importante: sempre anda de costas... Então, se alguém por acaso vir uma figura como essa por entre grandes amorass assassinas a quebrar reflexos e a sangrar, ou por entre pernas de enormes mulheres de madeira, ou mesmo por entre nuvens e pedregulhos num céu azul sobre o mar não se enganem: não é Magritte ("ceci ne pas" Magritte), ele está sempre disfarçado...

por João Victor, a abrir um sorriso de cada vez...

 
... às vezes vale a pena olhar pelo avesso... aliás quase sempre fica tudo mais claro com os olhos virados pra dentro... Posted by Hello

 
... e mais achados imperdíveis... Tens medo de encontrá-los? A porta se abre... você escolhe...  Posted by Hello

 
... criando o impossível... e encontrando achados imperdíveis...  Posted by Hello

 
... seios azuis... quebram espelhos, paredes e trazem céus...  Posted by Hello

 
... quebrando reflexos (?)... Posted by Hello

Friday, December 24, 2004

 

108 toques, um piercing e uma loja de brinquedos...

Me vem a memória nossa pequena gaúcha afiando uma faca de churrasco, com aquela prática em afiar facas de churrasco que só os gaúchos tem, com uma mistura de safadeza, inocência e psicopatia que só certas mulheres conseguem...

A outra pequena com um sorriso contido escutando absurdos ao pé da orelha. Ria como só ela, como se pega em flagrante e sem amigos imaginários em quem botar a culpa. Cada violentissimo sussurro, mais um arrepio, mais espectativa pra os dias vindouros.

A menor me falou casualmente sobre piercings e sobre o fato de que em localizações especificas do corpo sensibilizavam-nas. Provoquei-a dizendo que metal atrapalha a degustação de corpos assim como os caroços a de frutas. Me perguntou se já os tinha provado, os piercings, digamos numa língua. Disse, então, que não, mas, me recordo agora, talvez já tenha...
Me perguntou sobre, em mamilos. Disse que esses conhecia, negociando entre sadismo e nervoso, mas com bons resultados para ambas as partes.
Perguntou sobre outros lugares e disse-lhe que esses certamente não os conhecia que não de nome, quiçá de vista televisiva. Explicou-me que esses, com poucos toques, divertem enormemente os donos. Ainda impressionado pela recém adquirida cultura, ri por dentro ao ver seus olhos brilharem por uma criatura de pelúcia. Ganhou o brinquedo, espero que amadureça a idéia dos furos por um tempo ainda.

Feliz natal queridas!!

cahê!

 

Projetos

Casa tipo parque lage menos rococó, com piscina no meio, atelies-quartos em volta, mato, jardins, hortas e pomares. Quero ter flores-de-lotus em casa.

No fim da vida, Pablo neruda vivia em uma casa em vários níveis, com várias construções separadas, não me lembro seu nome, mas sei que significava cabelos ao vento. Numa alusão a sua última esposa, que nunca prendia os seus. Tudo era muito colorido nessa casa, mas de forma incrivelmente harmônica.

Imagino uma casa com amplos espaços, pé direito infindável, muita luz entrando de forma difusa e agradável. Cozinha dentro e fora da casa. Estilo moderno tipo John Pawson, cláudio bernardes, Isay Weinfeld. Muita madeira, muito branco. Um toque de hinduismo, talvez nas cores, talvez nos aromas. Adoro tecidos pendentes nas paredes ou de sacadas.

Gaudi construia inspirado na organicidade das formas. Conta-se que mais especificamente das formas femininas, historicamente provedoras de inspirações curvas e voluptuosas. Sensuais. O velho mestre notadamente se preocupava não só com a beleza curvilinea exterior como com a sensorialidade de seus interiores. Muita luz natural e uma sensação de acolchego, de acolhimento. Barcelona é seu museu a céu aberto. Viva a catalunha!

A distância pouco maior que um grito fica a vila ewok, onde ligados por pontes pendentes e iluminados por tochas cada habitante local tem um chalé absolutamente diferente do outro. Em forma, tamanho e conteúdo. Cobertos por eras ou antenas, coloridos ou crus, retos ou curvos, em madeira, pedra ou tecido.

Festas são bem vindas em todas as versões, assim como visitas interessantes.

Tangerinas com amoras, a melhor das misturas, feliz natal a todos!
cahê


Thursday, December 23, 2004

 

Pelo menos uma pequena...

Por que ela me disse que queria fotografar seus pêlos das costas arrepiados, a imagem, mesmo que irreal, se formou pra mim. Como foto, não a imagem dos pêlos em si, mas uma foto p&b da eriçada penugem, com iluminação de fundo para que brilhem como se fossem luz saída de sua própria pele.
Desses pêlos guardo memória táctil, não visual, guardo-os nas pontas dos dedos, como se verificasse a textura de frágeis folhas, e guardo-os também, curiosamente, por dentro, onde não são mais pêlos, mas a sensação de uma suavidade que contamina a carne.

cahê( a.k.a. the groomie)

 

Carta ao homem-apito* ou Carta fechada sobre casa aberta

Bem, a idéia surgiu a muito tempo atrás, quando eu sonhava em viver numa casa com muitas esposas e filhos. quando cresci, achei tudo pouco prático e, quiçá, impossível, até que ontem, entre fotos de nú, pixies, o pluto tentar secar a gaúcha a lambidas, comidinhas que ela, já seca, preparou, textos e palavras soltas da mais nova ( que tem a capacidade de fazê-las, as palavras, dançarem com a mesma graça com que ela as diz), bem, até que, no meio disso tudo, minha já inebriada mente escutou a pequena dar essa idéia a nós todos. fundar uma comunidade familiar.

Na verdade não há finalidades sexuais, mas sim meios...

A idéia parece ótima, mas temos que nos firmar como escritores antes, ou conseguir patrocínio estatal. De qualquer forma começo a procura por um local apropriado a reprodução, de preferência a não mais que uma hora do Rio, e assim que acha-lo, fundo um ashram e formo minha familia. Serei enfim um adulto responsável. Devasso, alienado, amoral, mas responsável.

Tenho dito

Ps- junte-se a nós assim que puder, precisamos de gente disposta e talentosa para nos divertirmos, todos juntos.

beijo
cahê

*if you blow
it whistles...

 

A menor distância entre dois pontos é a lembrança

Como é o nome daquilo?

Tesão

Não daquilo de se olhar profundamente dentro dos olhos do outro e se achar lá. Daquele momento em que você fica feliz sem o antes nem o depois.

Isso acho que não tem nome. Nomes nunca falam do presente.

Verdade. Nomes são tão pequenos... e, o que é pior, limitam.

Mas até certo ponto são o que temos.

Até o ponto em que se olha nos teus olhos.


O cahê aprendeu sobre olhares quando, em olhos negros, sentiu-os.


Tuesday, December 21, 2004

 

Santosha

Ela me perguntou antes de ir: você teria coragem de falar pro seu pai que tem três namoradas? De levar todas a um almoço de familia? Eu disse que claro que não, pois isso é uma mentira. Eu só namoro duas, a outra é só uma amiga que namora uma das duas. A de cabelo curto.
Mas a essa altura já tinhamos combinado como iamos educar nossos filhos, quem ia cozinhar, quem ia escrever, já tinhamos feito fotos sacanas, comido exoticamente, e muito, e bem. Já haviamos boxeado, suado, escutado pixies, nadado pelados, tinhamos usado o cachorro como brinquedo sexual. Já haviamos vivido o nosso dia, como gostamos de viver os nossos dias. Juntos e felizes.

Talvez eu seja mais exigente do que o velho churchill. Pensando bem, somos todos. Ninguém se contenta com o melhor. Por que o contentamento está dentro, o melhor não resolve nada. Cahê.

Monday, December 20, 2004

 

Verdade

Confesso a você, e só a você, que sou por vezes bruto. Sou, às vezes, arrebatado por uma vontade orgânica que perfura a fina névoa de civilidade que me recobre o corpo e não me contenho. Não pela impossibilidade, mas por gosto. Saiba que se estou sendo, com você, rude, é um caso especifico e não geral. Não é a agressividade de quem busca se proteger, com a verdade protejo-me de mim perante a ti, mas a urgência honesta de quem desrespeita a voz pela vontade da língua.

cahê, sendo, e se acostumando a ser, enquanto é.

 

Sexta

O homem não parava de falar. Falava, perguntava, provocava, e, de forma altamente masoquista, se submetia a choques como resposta. E eu perdido em um perfume. Palavras, palavras e eu só ouvia o sotaque. Bom, como toda história de tortura, críticas a sociedade e enlevo, essa também acaba em pizza. Com os amigos e discutindo covers a capella do slayer feitos por um japonês e a surrealidade do próprio sogro ter uma coleção de quadrinhos melhor que a sua, mas pizza ainda sim.

Do Cahê que ao se deparar com uma frase tola no fim da noite, percebe que os gênios tornam qualquer tolice imprescindível.

Saturday, December 18, 2004

 

Time to burn*

A vontade é de queimar. Queimar pontes, queimar o ar com a sonoridade de uma guitarra distorcida. Queimar o tempo, com intensidade. Arder de dentro pra fora. Estou pronto de novo, pronto pra mais. Descansado, dormido, combustível. Vou correr, mesmo que sem ter pra onde. Só por que a sensação do vento no rosto é um sopro, ainda que não o que me amorna, mas um sopro de tempo passando pelo espaço. Um pouco de vida, pra quem quer muita.
É um vício dos tempos de bebê, mas... o movimento distrai os inquietos.

*música do pennywise que eles não tocaram no PUTA show que o Cahê foi.

 

P.s.-

Winston Churchill dizia não ser exigente, se contentava com o melhor. E era o homem do sangue, suor e lágrimas.

Friday, December 17, 2004

 

O longo uivo ou Som de apito ou feedback...

Nós três num banco só. Equilíbrio, aperto, e sempre, me vem a cabeça nessas horas, aquela história da física de corpos ocupando o mesmo lugar no espaço... Bem, eu queria trégua, não podia mais viver sem elas. Chamei as duas dissidentes radicais para um papo. As outras estavam bem, nem queriam deixar de me adorar. Fiquei melhor com a notícia. Mas eu gosto de todas, eu queria todas, sou tão fácil de agradar quanto Winston Churchill, aquele velho inglês safado... Então fomos prum campo neutro. O pub do encontro de lésbicas do orkut. Ambiente agradável pra mim, agradável pra elas. Fui logo explicando meu ponto: queridas vocês me conhecem, eu perco a sociedade secreta mas não perco a piada... a gerente de fetiches sorriu, e começou a adoçar meu suco, mas, subtamente, a garota vale-tudo, lutadora e relatora do grupo disse: pare com isso!! Temos que ser firmes. Punição é punição. Ele está suspenso logo tem que adoçar a própria bebida. Cai das nuvens, quase tomei o suco azedo me auto-flagelando pela falta de adoração que, per si, já era um flagelo. Mas antes de ter tempo para decisões desse vulto, a gê de fê (a.k.a. nAMORAda) se levantou em direção ao banheiro e... quase quebrou o nariz tal a força do encontrão que deu no ombro de uma assustada e alta senhorita, sairam as duas desnorteadas, ela rindo com a mão no nariz. Voltou, sentei as duas no banco me levantei e fui didático: o karma de maltratar o muso é inexorável, parem com isso antes que vocês se machuquem ou machuquem aqueles que vocês amam...
Aí, descobri que já era tarde demais. Mas tudo bem. Em trinta dias o homem flauta vai estar melhor, quem sabe de volta a ação. Me disseram que sua última declaração foi: dá menos problema que piercing na orelha. Tá bom, eu furei a orelha e fiquei dois dias dormindo mal, você filho, vai ter que passar pelo menos trinta lembrando do início da adolecência, e de por que, naquela época, você queria crescer logo. E o que é pior: vai ter visita...

Do Cahê, que relendo viu que tá com saudades de uma baixinha metidinha, não nescessariamente nessa ordem.

Thursday, December 16, 2004

 

Desde quando a banana come a boca?

Fui colocado em meu devido lugar, fui escorraçado da posição de muso, destituido temporariamente, suspenso até que a TPM das adoradoras acabe. Também, quem mandou pedir uma dançarina do ventre justo no dia de fúria das moças... acontece, sou muso mas não sou vidente. Agora sem sociedade secreta de adoradoras bissexuais, ando por ai sem rumo, cabisbaixo, me sinto meio que despido. Não me lembrava mais de como era não ser languidamente adorado todos os dias, de como era ser normal. É deprimente ser normal! Pensei em fundar uma dissidência, mas decidi aceitar minha punição de cabeça erguida, afinal mantendo a cabeça erguida vai que uma delas titubeia...

Cahê com a espinha ereta e o coração partido

 

caso de emergência

Poema em três fôlegos e/ou Aquela flor ainda vive...

Distraído, procurava por mapas
nas solas dos pés de alguém
que me via de viés,
de um ângulo por mim desconhecido...
as palmas das mãos belos papiros,
que ao me tocarem seus grãos
e semearem meus ouvidos
com seu alento, seus gemidos,
seus lábios tão sensíveis
borbulharam em mim achados imperdíveis...




Ao pesar dos pisares e/ou Poema de um fôlego só

Ainda distraído...
e o mesmo alguém passava, pisava,
pesava e dizia
“Não gosto de te(me) ver assim.”
(agora com um olhar impassível),
por isso retiro com cuidado meus olhos de vidro impossível,
os a r r e m e s s o ao chão,
espatifando-os também contra o muro, esse algo ENTRE,
que outrora foi espelho (me recebia DENTRE!)
mas tornou-se fosco, embaçado, escuro e grotesco,
embalsamado em reboco e cimento fresco,
saliva dura e empedrada,
amálgama de mágoa de olhos que eram d’água,
hoje pupilas-buraco, escuro formigueiro, saco
pesado de areia,
c
a
c
o ...

EM CASO DE EMERGÊNCIA QUEBRE O VIDRO... de seus olhos...
EM CASO DE EMERGÊNCIA USE AS ESCADAS... da garganta...




por João Victor... sei lá por quem...

Wednesday, December 15, 2004

 

Hopper



... ela levou a xícara à boca. Olhou para o fundo, bem fundo naquela louça branca, suja pelo café, e pensou se, assim como o resto da bebida, tudo restava na sua vida... e, se, por mais que limpasse, ou deixasse passar o tempo, imagens muito sugestivas insistissem em permanecer, como sugestões... a vida seria mesmo um desenho mal resolvido? Não sabia. Tais pensamentos evanesceram... era uma noite fria, fria. Pediu um outro café. Agora só queria ir para casa, mas começava a garoar...

 

Carta aberta a um grupo fechado

Queridas adoradoras,

Venho por meio desta, mesmo sabendo não ser esse o melhor lugar para tratar de assuntos secretos, e sendo que todos nossos assuntos são secretos, e mesmo que não sejam, tornam-se, apenas para aumentar o prazer de trata-los... Mas bem, resolvi mesmo assim me utilizar deste espaço, pois que, dado aos compromissos e horários, entendo a dificuldade de nossa nascente sociedade secreta em se reunir, e,
por saber também, que a premissa de me fazer feliz não fica impedida pelo fato de nossas poucas reuniões (apenas talvez pelas saudades que sinto de todas...). Então, vos aviso que, trabalhando arduamente na tarefa de ser feliz, me deparei com a nescessidade de criarmos um ritual de verão que inclua uma sensualissima shakti dançarina de gobek dans, morena e com longos cabelos negros. De preferência com um olhar inesquecivelmente profundo.
Bem, esse é o meu desejo, satisfaçam-me, por favor.
Desde já agradeço, por existirem, e por adotarem tão nobre objetivo em suas vidas.

Do seu muso
Cahê


 

Cubro-me de finos grãos tipográficos, o tempo de um fôlego...

Se eu rasgasse papel ou dinheiro, ou cuspisse nos rostos alheios ao que se passa com rostos alheios, ou pensasse em comida, e ficasse com fome, só pra sentir fome. Ou ainda, nada disso resolvesse nada. E aqui, só e quieto, sem nem gritar, eu tentasse com palavras o conforto de não estar mais aqui, mas no que escrevo. Há muito não chafurdava em letras pra não sentir. A muito não me codificava por não conseguir chorar. E nesse pensamento, como refúgio, estou.

Cahê, longe do belo dia de sol carioca por outro que não a distância ou a falta de tempo...

Tuesday, December 14, 2004

 

Tangerina lambuzando-se de Amorass...

De Roy Stuart, um fotógrafo erótico "absurdamente maravilhoso" que descobri não faz muito tempo... Posted by Hello



 

Há algo de amorass por aqui...

... e também bastante de tangerinass... Posted by Hello

por João Victor acordando de madrugada salivando pela nAMORAda...

 

Work in progress...

Isso acontece... E já havia dito que seria queimado... Bom, aí está o mesmo-outro poema em versão revista e atualizada...


Poema para mão canhota e/ou Escrevendo torto por linhas cegas

Horas vagas: jazo por onde passo...
Horas vigas: cresço pra onde espaço...
Putrefazendo, faço.
Ferrugem que
incide nesse tampo-fato
inside desse tempo-aço.
Mesmo de noite minha sombra
Me revela um mórbido palhaço...
Exit(o) ou exato?
Pronome pessoal do caso reto,
Tirando um triz, desato:
Encontro a bissetriz
Do quadrado: besouro abstrato...

Pronome impessoal do acaso oblíquo,
Ex-ato, cicatriz,
Olho fátuo queimando o sol da boca
E as entranhas do nariz
No quadro até o fim do teto (da vida)
Ultrapassando em ferida o objeto,
O objetivo, o sujeito abjeto,
Num modo indicativo (mesmo que manco, torto),
Interno... em torno...
Inferno... in forno...
Anoitece: - Buon giorno!

- Sou daqueles que num incêndio salvam o fogo...



por JV, lembrando sempre que "tudo passa, até uva-passa..." :P




 

Comendo Uma

Fiz um roteiro,
Adoro roteiros,
Você me inspirou,
Que bom,
Você é como a Uma Thurman pro Tarantino, mas eu sou um Tarantino pornógrafo. Mantenho a violência e a verborragia, mas foco na sacanagem. Somos um casamento de musa e autor perfeito.
Obrigada pela parte que me toca.
Minhas partes te tocam é?
Felizmente.
E é bom?
Só quando é muito violento ou muito carinhoso... Você acha que ele já comeu a Uma?
Acho que não, mas vai morrer tentando. Eu morreria.
Eu também.


Isso foi antes da freira psicótica entrar no palco e ameaçar matar quem não risse de suas piadas. Que foi antes da festa chiquérrima, num lugar chiquérrimo, onde não havia graça nenhuma, só mulheres de bata. O que é um jeito de parecer gorda mesmo estando magra. Aí, antes de dormir, eu resolvi entrar sorrateiro como um ladrão, no apartamento da namorada dela, por que ela me falou que ia dormir lá, sozinha e semi-nua. Eu ataquei-a como os famintos atacam, mas aquela menininha acabou me fazendo chorar como uma menininha. Risadas, sutras secretos, irresponsabilidades e olhares de profundo enlevo depois, a manhã velou nosso descanso.
Nem dormi aquela noite. Nem estou reclamando.

Cahê

 

...inas incendiárias!!! Posted by Hello

Monday, December 13, 2004

 

Mais um inédito pra ser queimado junto com os outros...

Poema para mão canhota e/ou Escrevendo torto por linhas cegas

Horas vagas: jazo por onde passo...
Horas vigas: cresço pra onde espaço...
Putrefazendo, faço.
Ferrugem que
incide nesse tampo-fato
inside desse tempo-aço.
Exito ou exato?
Pronome pessoal do caso reto,
Tirando um triz, desato:
Encontro a bissetriz
Do quadrado: besouro abstrato...

Pronome impessoal do acaso oblíquo,
Ex-ato, cicatriz,
Olho fátuo queimando o sol da boca
E as entranhas do nariz
No quadro até o fim do teto (da vida)
Ultrapassando em ferida o objeto,
O objetivo, o sujeito abjeto,
Num modo indicativo (mesmo que manco, torto),
Interno... em torno...
Inferno... in forno...
Anoitece: - Buon giorno!

- Sou daqueles que num incêndio salvam o fogo...


por João Victor... sentindo um cheiro de sombra... deve ser o sol quase aparecendo...

 

E NÃO...

Sei que parece que esse texto já foi postado... Na verdade foi, mas faltando uma palavra essencial : NÃO... Portanto, aí vai de novo... ou não... hehehe

[...] só nós dois, meu amor
não cabemos em mim ou em você
como toda gente
tem que não ter cabimento para crescer
(Arnaldo Antunes)

 

Uma ilustração, para não ficarmos só com palavras... Posted by Hello

Sunday, December 12, 2004

 

Travado

Escrevi sobre sonhos paralisantes e meu blog se paralisou em minhas mãos. Achei engraçado, coincidente... irritante. Queria postar, mexer nele, ler os comentários. Viciei. Eu passei vinte sete anos odiando azeitonas e hoje as amo. Sempre achei que ia até o fim com uma caneca de cerveja na mão, hoje tenho dúvidas. Me mantive tempos longe da tecnologia mais recente, tenho raizes nerd (os pré-geeks), sempre soube que se houvesse uma brecha tudo estaria perdido. Uma brecha é tudo o que é preciso...
Agora estou eu entre blogs, messengers e com um pé no orkut. Sim, porque eu sou geek mas old school, modinha não pega punk véio, a gente espera passar depois vê qual é.

Cahê, com a impressão que as mudanças ocorrem e as pessoas só notam quando já foi. Nossa participação é como figurante que se acha ator. Nem lê o roteiro mas quer aparecer.

 

Canalhice e carinho são especialidades da casa

Estavamos eu e minha fetichista favorita discutindo os últimos acontecimentos, carecas, pés, gastronomia vegetariana e nossos dj favoritos enquanto a pequena tentava virar de cabeça pra baixo, ou dar um golpe de capoeira em um inimigo imaginário. Por falar em inimigo imaginário me lembrei de um filme ruim com uma boa frase. Em certo momento ao falar de fé, Morgan Freeman diz a Owen Wilson que: - Deus, Deus é só um amigo imaginário para adultos...
A pequena para sua parada de mãos invertida em maha asana e lembra de sua primeira inimiga imaginária, uma que a ajudou a rabiscar o quarto todo branquinho aos três anos de idade, e depois a escapar ilesa, incorporada em mentira ou literatura numa representação de uma narrativa surrealista improvisada. Sua inimiga surgiu no momento em que ao ver o que havia feito pensou: fudeu! Ou o sinônimo em língua bebê. Fico imaginando o equivalente na gênese divina... Afinal depois da luz vem o verbo.

cahê, que pergunta a quem pergunta: você acredita no que os outros acreditam?

Saturday, December 11, 2004

 

Meu querido diário,

...E ai fui pedido em casamento pelo msn, por uma sensível e talentosa escritora. Coisa que só alguém tão jovem faria. Pedir em casamento digo. Consultei meu pai e ele disse que pela história, nossa diferença de idade fosse, talvez, o suficiente, mas não quer que o filhinho se apresse. A moça quer conhece-lo.
Tive que consultar minha amante tântrica-masoquista (e completamente depravada) à respeito do assunto. Ela aprovou o casamento contanto que incluida no casal. Seriamos três, mais a sociedade secreta de adoradoras bissexuais da qual sou muso. À noite já tinhamos um dama de honra convidada, sentada em nossos colos, promentendo se vestir como uma boneca psicopata para a ocasião. Meus padrinhos virão de saia. Começo a procurar um lugar para morar amanhã. Espaçoso e com paisagem.
Olhando de fora parece fácil, mas estando dentro é melhor ainda.

Cahê, que foi questionado por uma leitora assídua: - O que disso é mentira? – Amanhã vou estar ocupado, não vou procurar nada...

Thursday, December 09, 2004

 

Sonhei de novo que não podia mexer o próprio corpo

É recorrente, me vem de vez em quando, me volta quando nada em mim mudo. Mudo, não falo ao seu respeito, nem pensava muito, até associa-lo com esta mesma inércia que me cala e me perdura. Agora vejo que não posso, pois que seria viver o pesadelo, dormindo e acordado, literalmente. Na ponta do lápis, com pontuação precisa e específica ao significado. Como quem escreve e como quem lê a própria história, preso num ciclo. Sabe em que parte está sabe como vai acabar. Conhece o mesmo fim que já escreveu e já releu tantas vezes, que prevê. Mas não muda. Ou muda e então...

Cahê exorcizando sonhos que se repetem

Wednesday, December 08, 2004

 

Chica sempre sonha com Glauber Rocha

Em Cracatoa Simplesmente Sumiu, na sessão crônicas, somente hoje ou, ainda, no arquivo municipal e perpétuo de Cracatoa simplesmente sumiu.

... deixado oniricamente por Alê.


Tuesday, December 07, 2004

 

Entressonhos...

Sonhei que ela calculava os fractais de gotas de chuva caidos nos momentos de grande felicidade. Não entendi bem o que era isso, só sei que comecei a rir, gostosamente, feliz, leve, e então ela começou, ao meu lado, a fazer cálculos frenéticos num bloco de papel. Perguntei porque, mas ela tão absorvida nem ouvia. Alguém, um amigo dela, me falou que era assim. Que ela calculava também lágrimas felizes e o orvalho de suor de momentos de prazer. Lá fora, apesar do sol, chovia.
Quando acordei pensei comigo que essa seria uma função adequada aos anjos. Secretamente pensei em minha mãe por breves momentos.

Do Cahê, cuja mãe já não está entre nós desde muito, que vive agradecido pela proteção, ou pela enorme sorte, que tem em quase todas as coisas.

 

Três coisas

Três coisas pra mim no mundo
Valem bem mais do que o resto
Pra defender qualquer delas
Eu mostro o quanto presto

É o gesto, é o grito, é o passo
É o grito, é o passo, é o gesto

O gesto é a voz do proibido
Escrita sem deixar traço
Chama, ordena, empurra, assusta
Vai longe com pouco espaço

É o passo, é o gesto, é o grito
É o gesto, é o grito, é o passo

O passo começa o vôo
Que vai do chão pro infinito
Pra mim que é uma estrada aberta
Quem prende o passo é maldito

É o grito, é o passo, é o gesto
É o passo, é o gesto, é o grito

O grito explode o protesto
Se a boca já não dá espaço
Que guarde o que há pra ser dito

É o grito, é o passo, é o gesto
É o gesto, é o grito, é o passo
É o passo, é o gesto, é o grito

(Mário Lago)

por João Victor, prestes a explodir...

 

Cabimento

[...] só nós dois, meu amor
não cabemos em mim
ou em você
como toda gente tem
que não ter cabimento
para crescer
(Arnaldo Antunes)

postado por João Victor... pra quem quiser quebrar espelhos e/ou pra quem quiser se ver grande (não mais pequenino) nos olhos de alguém...

 

Sobre uma noite de neblina e maresia no Rio de Janeiro

Valsa para Leila
(Guinga e Aldir Blanc)


Tu te esfumará...
me neblinarei...
sobre os telhados,
galáxias azuis.

Sonambularás,
te voltarei
gatos lambendo as estrelas...

Wendy e Peter Pan
sem o amanhã,
nunca pra nós dois,
é sempre cedo.

Marietarás
e eu Buarquirei
em dois cavalos
com asas de luz.

Tu te nublarás,
me eclipsarei...
nuvens em nossa cabeça.

Toma, Peter Pan,
só um Lexotan
pra que tanto amor não te enlouqueça.

Vagalumarás por sobre campo,
eu virei do mar, teu pirilampo...

Como um circo aceso,
o céu da manhã saudará
o amor que não dormiu.

Tu desabará...
eu despencarei...
e o mar azul vai nos cobrir...

 

Para agradecer um acróstico que ganhei, um outro acróstico

A
Navios
A voar eu vi quando Ana conheci.

... deixado na âncora por Alê.

Sunday, December 05, 2004

 

Encontrei meu sorriso na escadaria de um castelo...

...
... ...
... ... ...

Sinto-me perto quanto mais distante
Distante quando ao lado
Das altas torres posso ver-te
Satisfeito volto ao aposento interno
Vez em quando desço infindáveis escadas
Vou regar as flores
Se resistentes
Permanecem aguardando sustento
Se frágeis
Já se foram
Não mais posso ver-te nem ouvir-te
Um novo amor se juntou às flores

Ana Paula jan/2004 p/ João Victor




Carta de uma flor para a menina das altas torres

Menina do castelo nas nuvens
Desce um pouco com seus cabelos de neblina
Traz leve brisa, chuva fina
E sorri pra esse novo amor
Que às flores se juntou
Menina dos olhos verde-absurdo
Mesmo que não mais me veja
Mesmo que seja um sorriso surdo
Sinta-se perto quanto mais distante
Que desperto aguardarei sustento
Em sua terra-beijo-sorriso-alento
Depois ou antes...

João Victor fev/04 p/ Ana Paula

 

Para alguém que se reconheça nesse espelho...

(Alguns já se viram refletidos aqui... Talvez hoje só vejam algo embaçado e fosco à sua frente... Ou quem sabe se vejam cada vez mais claros... De qualquer forma, precisavam ser postados aqui no Tangerinass)


Hm? ou Espelho

Alguém descobriu
Num canto,
Na palma da minha mão,
Um pequeno portal...

Alguém me tocou
(assobio ou canção?)
Alguém me pegou
(pela mão?)
E me disse: "- Vamos."

Por tal portal adentramos
E o breve canto
Abriu flores de sorriso
Em seus dedos-ramos,

E o leve manto
De seus toques-guizo
Levemente insanos,

Levaram minha boca
A abrir-se em sua mão, em beijo,
A voltar pelo caminho que trilhamos
(O que é que, afinal, desejo?),
A trilhar pela volta que demos
(E que talvez outros darão)...
Flutuante barco sem remos...
Meu sorriso e nós... ...
Numa palma de mão...
-------------------------------------------------

Mais um espelho e/ou Aquele mesmo de sempre


diante dele paro novamente...
nunca havia me deixado assim,
tão do outro lado como quem sente
o canto da boca a sorrir que SIM...

mas esse algo do meio que separava
ao mesmo tempo unia
aquele SIM que sorria (e sua saliva salgava...)
e aquele MIM que tinha fome,
um olho dormindo, o outro insone...

pois que só rio pergunta (ou naquele instante duvidava?)
ao se encontrar com outra águas:
"- Será fim?"

pra falar a verdade não tenho isso certo
apesar de sentir reto...
ou reticente...
mas me parece que era aquele gosto de sal
(e, por vezes, de cal entre os dentes)
que fazia de nós RETICÊNCIAS:
EU, aquilo ENTRE, e MIM:
três pontos finais sem fim...
três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim...
três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim... três pontos finais sem fim...três pontos finais sem fim...três pontos finais sem ...

por João Victor... também para aqueles que quebraram espelhos...

 
Disse o capitão em alto e bom som: calem-se e escutem ao próprio pulso ao invés dos anúncios da televisão, sintam o que está sob seus pés, ou liguem a música tão alto que o mundo tenha que ficar de fora, assustado com a fúria que lhes cercam. Fechem os olhos quando tentarem entender, bebam muita água e mantenham uma eterna pressa tranquila sob a doma de um corpo acalentado por prazeres, mas moldado por pequenos rigores. Riam sem histeria, amem sem abandonar-se e vivam sem seguir a um velho já quase sem voz, senão por gosto de faze-lo.
Dito isso calou-se, talvez para gastar o dobro de tempo escutando, talvez por que o olhar da jovem que o escutava entre duas amigas que nada entendiam, tinha algo de uma beleza que o alimentaria por muito tempo ainda.

cahê lembrando do prazer de ouvir ordens sussurradas

 

Cocale

Bem. Tenho menos de três minutos. Por isso vou tentar ser breve. Observando os cocos dos supermercados e vendo que eles são peludos e marrons descobri que eles são mamíferos. Portanto, o coco é naturalmente uma fruta mamífera. A vantagem é que, para se lhe extrair a água, não é necessário abri-lo, mas tão somente ordenhá-lo.

Saturday, December 04, 2004

 

O bailarino imaginário se desfaz em líquido...

...E em vapores, e esses quando encontram a sublimação de tua pele em odor já começam sutilmente aquilo que nos transforma. Antes de qualquer toque, antes mesmo do alcance das mãos, o inefável já se dá em formato coreografado, meio animal, meio marcial, inexorável. A lei física do desejo, que não convem negar, pois que não muda sua existência. Resistir é como que segurar um rio. Com as próprias mãos.

E manipulo assim as palavras, para que tenhas em sonhos a impressão de que também é possivel faze-lo à carne. De que o que rege é tão forte em desejo quanto em gravidade. De que o que nos toca começa verdadeiramente por dentro.


Então o cahê se aproxima perigosamente das memórias e extrai delas o sentido de sonho recente.

Friday, December 03, 2004

 

Das diferenças: parágrafo primeiro – Da concisão

Dri: Fernando numa conversa, o que você gostaria de ouvir da garota que você gosta?

Fernando: "Bora" fuder?

Copiado de algum lugar onde o cahê esteve perdido.

 

Booom!!

Me lembra a inércia de certos explosivos, a capacidade elástica dos gases, a temperatura que vai do céu ao inferno mais rápido do que um anjo cai. Pulso de oscilação entre a compressão e a dispersão, do silêncio ao som. Como se nada entre o sim e o não, mais que entre a mudez e o gemido. Nada, entre os líquidos que formam nossos corpos e nos permeiam. E tudo, nessa amalgama, tudo presente. Seja na solidão da chama ou na realização da combustão, o mundo está ardendo.

cahê

 

O Rei chegou.

Cá estou eu após vários pedidos. Dois, de fato. Aqui venho para saudar o nobre grupo conhecido por Tangerinas Incendiárias, que timidamente faço parte. As noites que tenho passado em claro estão sendo recheadas de pensamentos Tangerínicos. Pego-me indagando sobre o plural correto de "estupidez" - uma vez que ultimamente esta vem me visitando em grupos. Minha vida agora, é uma vida de fé, e tento com a minha mal treinada lábia, conseguir mais e mais devotos de San Augusto di Verona, uma figura qualquer que nada significa. Mas que seus feitos tem me alegrado muito e assim decidi acredita-lo. Esse é o sentido da fé não é mesmo?

Pete Zarustica, the King of Prussia

 

uma "ordem" de uma amora intrometida!!

Cahê traga o Fritz para o tangerinas...
As amorass sabem que a participação intelctual deste autêntico Tangerina contribuirá para a celebração de nossas amizades mais queridas!!! Afinal o amoras e o tangerinas tornaram-se egrégoras de amizades fortes e logo logo estaremos "dominado mentes surtadas"
beijos
deamora

 

Soneto do olho do cu

Paul Verlaine/Arthur Rimbaud

Obscuro e franzido como um cravo roxo,
Humilde ele respira escondido na espuma,
Úmido ainda do amor que pelas curvas suaves
Dos glúteos brancos desce à orla de sua auréola.

Uns filamentos como lágrimas de leite,
Choraram ao vento inclemente que os expulsa,
Passando por calhaus de uma argila vermelha,
Para escorrer por fim ao longo das encostas.

Muita vez minha boca uniu-se a esta ventosa,
Sem poder ter o coito material, minha alma
Fez dele um lacrimário, um ninho de soluços.

Ele é a tonta azeitona, a flauta carinhosa,
Tubo por onde desce a divina pralina,
Canaã feminino que eclode na umidade.



... anotado depois de uma conversa olho no olho por Alê.

Thursday, December 02, 2004

 

O idioma dos tigres

Busco a ti, com uma fúria que me fala de vontade e não de raiva, sussurra entre-dentes esse tesão amordaçado, amarrado, contido. Tensa mas gostosa inquietação. Me sinto poderoso, sempre pronto, sempre salivando pela comida, mas não faminto. Pele formigando, sangue em pulsos implacáveis, músculos de predador. Ansiando.
Quero mais, doces e violentos embates, machucados precisos, ferimentos de arrepio. As cicatrizes são por dentro, e cutucadas com olhares ou cheiros, latejam. Às vezes do nada, passam o dia ardendo sob a pele. Minha temperatura está como que febril, meu metabolismo, um motor ansiando pela aceleração que vai realizar sua potência.
Meus dentes vão procurar tua carne, minhas palmas tua pele, meus impropérios teus ouvidos, e, ao fim dessa luta bailada, quando os tambores calarem e as pulsações não mais tremerem os corpos, mansos, encaixados, é nos lagos dos olhos um do outro, que saciaremos nossa sede.

Cahê, andando de um lado ao outro da jaula

Wednesday, December 01, 2004

 

Caras colegas...

" vomitar esperanças, dores, o prato de amorass, vomitar todas as fantasias a respeito da senhora Grand seja ela quem for, as homéricas metidas entre tafetás e sedas, as coxas marcadas pelas minhas mordidas, o batom espalhado pela boca... beijei-a tantas vezes que os lábios cresceram machucados, os de cima e os de baixo, lambia-a pelo pescoço, a língua nas orelhas, nas narinas....senhora das minhas utopias,...e eu sozinho na cama, a mão em concha, suada, metendo no nada."

Hilda Hilst

Deste vosso servo
Cahê


 

Mark Ryden

Ele é muito legal. Clique aqui.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?