Wednesday, December 21, 2005
para ler todos os dias até fevereiro, e depois que fevereiro passar
Não tenho pressa. Pressa de que?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente onde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso
Alberto Caeiro
nota pra ser colada junto: amo minhas coisas não as fantasias que tenho delas.
amo cada dia; seja brasa, chama ou o perfume do incenso ainda não queimado.
sabendo disso, amo o que toco e o que penso.
cahê, com um pequeno brinquedo infantil , composto de espelhos, desejos e infinitudes, nas mãos.
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente onde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso
Alberto Caeiro
nota pra ser colada junto: amo minhas coisas não as fantasias que tenho delas.
amo cada dia; seja brasa, chama ou o perfume do incenso ainda não queimado.
sabendo disso, amo o que toco e o que penso.
cahê, com um pequeno brinquedo infantil , composto de espelhos, desejos e infinitudes, nas mãos.
Thursday, December 15, 2005
"Porque teu doce amor me evoca tais riquezas que, ao lembrar-me delas, não troco meu destino pelo dos reis."
Will Shakespeare.
Porque é quando acho à mim, que, rei ou mendigo, sigo sem medo. Atitude, assertividade, eu, e não o que me cerca. O reino construido de meus sonhos ruiu e passado o susto de me ver destituido de tanto, vi que, sem nada que não liberdade e vontade, não tinha menos do que precisava.
Asas na imaginação, ar para inflar os pulmões e amor naqueles olhos que tornam o que eu vejo tão mais suave. O adorável caminho que me faz a cada passo da forma como eu o faço. O destino que pode ser todos, e é sempre o mesmo.
Cada palavra, como forma de agradecimento à quem agradecido se sinta. Como ensaio de desejo. Como acostumar-se que desejos nunca se dão por ensaiados...
São meus pulmões que dizem quem eu sou, minha pele é soberana, idéias são tão efemeras ou eternas quanto o tempo em que existem. Eu também.
cahê
Porque é quando acho à mim, que, rei ou mendigo, sigo sem medo. Atitude, assertividade, eu, e não o que me cerca. O reino construido de meus sonhos ruiu e passado o susto de me ver destituido de tanto, vi que, sem nada que não liberdade e vontade, não tinha menos do que precisava.
Asas na imaginação, ar para inflar os pulmões e amor naqueles olhos que tornam o que eu vejo tão mais suave. O adorável caminho que me faz a cada passo da forma como eu o faço. O destino que pode ser todos, e é sempre o mesmo.
Cada palavra, como forma de agradecimento à quem agradecido se sinta. Como ensaio de desejo. Como acostumar-se que desejos nunca se dão por ensaiados...
São meus pulmões que dizem quem eu sou, minha pele é soberana, idéias são tão efemeras ou eternas quanto o tempo em que existem. Eu também.
cahê
Wednesday, December 14, 2005
caminhos
"Logic will get you from A to B. Imagination will take you everywhere."
Albert Einstein.
Albert Einstein.
arados, ventres e flores...
"[...] e era, Ana a meu lado, tão certo, tão necessário que assim fosse, que eu pensei, na hora fosca que anoitecia, descer ao jardim abandonado da casa velha, vergar o ramo flexível de um arbusto e colher uma flor antiga para os seus joelhos; em vez disso, com mão pesada de camponês, assustando dois cordeiros medrosos escondidos nas suas coxas, corri sem pressa seu ventre humoso, tombei a terra, tracei canteiros, sulquei o chão, semeei petúnias no seu umbigo; e pensei também na minha uretra desapertada como um caule de crisântemo, e fiquei pensando que muitas vezes, feito meninos, haveríamos os dois de rir ruidosamente, espargindo a urina de um contra o corpo do outro, e nos molhando como há pouco, e trocando sempre através das nossas línguas laboriosas a saliva de um com a saliva do outro, colando nossos rostos molhados pelos nossos olhos, o rosto de um contra o rosto do outro, e só pensando que nós éramos de terra, e que tudo o que havia em nós só germinaria em um com a água que viesse do outro, o suor de um pelo suor do outro; e nesse repouso de terras e tantas águas, alguém baixou com suavidade minhas pálpebras, me levando, desprevenido, a consentir num sono ligeiro, eu que não sabia que o amor requer vigília[...]"
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
semeado por Raduan mas colhido por João Victor nas terras úmidas e aradas de Ana...
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
semeado por Raduan mas colhido por João Victor nas terras úmidas e aradas de Ana...
... e continua sendo...
"Era Ana, era Ana, Pedro, era Ana a minha fome [...] era Ana a minha enfermidade, ela a minha loucura, ela o meu respiro, a minha lâmina, meu arrepio, meu sopro, o assédio impertinente dos meus testículos[...]"
"[...] não me deitei nesse chão de tangerinas incendiadas, nesse reino de drosófilas, não me entreguei feito menino na orgia de amoras assassinas?[...]"
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
deixado por João Victor, estirado sobre um colchão de ervas daninhas e um lençol manchado pelo sumo de tantas amoras...
"[...] não me deitei nesse chão de tangerinas incendiadas, nesse reino de drosófilas, não me entreguei feito menino na orgia de amoras assassinas?[...]"
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
deixado por João Victor, estirado sobre um colchão de ervas daninhas e um lençol manchado pelo sumo de tantas amoras...
uma ciência de menino...
"[...] e as pombas do meu quintal eram livres de voar, partiam para longos passeios mas voltavam sempre, pois não era mais do que amor o que eu tinha e o que eu queria delas, e voavam para bem longe e eu as reconhecia nos telhados das casas mais distantes entre o bando de pombas desafetas que eu acreditava um dia trazer também pro meu quintal imenso [...]"
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
deixado por João Victor junto à trilha sinuosa de grãos de uva debaixo de uma pequena e leve arapuca...
do livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar
deixado por João Victor junto à trilha sinuosa de grãos de uva debaixo de uma pequena e leve arapuca...
Saturday, December 10, 2005
Entre disciplina e liberdade reconheço meu amor
…Mando pra moça:
MARRIAGE, n.
The state or condition of a community consisting of a master, a mistress and two slaves, making in all, two.
Responde-me ela:
BIGAMY, n.
A mistake in taste for which the wisdom of the future will adjudge a
punishment called trigamy.
Tomado por uma fúria que se chama vontade, sei que quando beija-la tigres se tornarão gatinhos, pois que em nossos embates, miados vencem rugidos.
Cahê.
MARRIAGE, n.
The state or condition of a community consisting of a master, a mistress and two slaves, making in all, two.
Responde-me ela:
BIGAMY, n.
A mistake in taste for which the wisdom of the future will adjudge a
punishment called trigamy.
Tomado por uma fúria que se chama vontade, sei que quando beija-la tigres se tornarão gatinhos, pois que em nossos embates, miados vencem rugidos.
Cahê.
Reticências repletas de entrelinhas...
... antes de ir-me embora tive ainda que deter-me...
... paralisado durante alguns instantes (me perdi em tantos!)
fiquei a observar pela breve moldura da porta entreaberta aquelas costas,
e deixei-as a me hipnotizar com sua figura, ainda com sua cor-perfume...
... sorri...
... num silêncio infinito... mahá shaktí a dormir...
deixado sem ruídos sobre o lençol por João Victor
... paralisado durante alguns instantes (me perdi em tantos!)
fiquei a observar pela breve moldura da porta entreaberta aquelas costas,
e deixei-as a me hipnotizar com sua figura, ainda com sua cor-perfume...
... sorri...
... num silêncio infinito... mahá shaktí a dormir...
deixado sem ruídos sobre o lençol por João Victor
Friday, December 09, 2005
comedores de pimenta
Passou o show, o fiasco, melhor dizendo, e eu só penso no nome daquela banda. Eles tocaram bem, salvaram a noite, mas não foi só isso... O nome, o nome diz tudo. Eu fiquei repetindo aquele nome antes de chegar, depois de sair. Ele ficou ainda um tempo na cabeça, e, agora, volta e meia reaparece, por qualquer fagulha. Olho meu entorno, de desejos e satisfações e decepções, olho pra dentro, pra mim, pra minha fome, pra minha vontade. Sinto em mim e sinto no que toco. Sou eu e também meus iguais.
Lábios em chamas.
Que melhor forma de se incendiar uma cidade, que não com beijos?
Que melhor forma de queimar a própria pele?
Ou de descrever o que sinto tão de longe e tão de perto também?
Já queimei pontes, já queimei catedrais, chegou o dia de sentir na própria boca a intensidade e efemeridade do mundo. Pimenta de dentro pra fora.
cahê, condimentado...
Lábios em chamas.
Que melhor forma de se incendiar uma cidade, que não com beijos?
Que melhor forma de queimar a própria pele?
Ou de descrever o que sinto tão de longe e tão de perto também?
Já queimei pontes, já queimei catedrais, chegou o dia de sentir na própria boca a intensidade e efemeridade do mundo. Pimenta de dentro pra fora.
cahê, condimentado...
Thursday, December 01, 2005
Passos na jaula ao lado
O ouro e as sombras que lhes percorre a pele, diz mais sobre esses tigres metafóricos do que todo o resto da fisiologia felina. A preciosidade misteriosa, O poder contido num reticente corpo ou a sutil tranquilidade de um preciso ataque ao que se faça a vítima. Existe ferocidade sim (como nega-la?), mas nenhum desespero, nenhuma dúvida. A assertividade de que não há chance para o acaso... Só uma vez, com tudo que se tem. A agressividade, volumosa como o rugido da vontade, um som que é a um só tempo toda a certeza e todo o medo do mundo. A verdade do ruído contém prazer e dor, a vida e a morte. E esses tem por costume semelhança nas sonoridades. Nas intensidades também.
O dourado e o negro dos pelos, os dois unidos numa só pele, como as dicotomias sempre são.
cahê, questinonando sua domesticidade
O dourado e o negro dos pelos, os dois unidos numa só pele, como as dicotomias sempre são.
cahê, questinonando sua domesticidade