Thursday, December 02, 2004

 

O idioma dos tigres

Busco a ti, com uma fúria que me fala de vontade e não de raiva, sussurra entre-dentes esse tesão amordaçado, amarrado, contido. Tensa mas gostosa inquietação. Me sinto poderoso, sempre pronto, sempre salivando pela comida, mas não faminto. Pele formigando, sangue em pulsos implacáveis, músculos de predador. Ansiando.
Quero mais, doces e violentos embates, machucados precisos, ferimentos de arrepio. As cicatrizes são por dentro, e cutucadas com olhares ou cheiros, latejam. Às vezes do nada, passam o dia ardendo sob a pele. Minha temperatura está como que febril, meu metabolismo, um motor ansiando pela aceleração que vai realizar sua potência.
Meus dentes vão procurar tua carne, minhas palmas tua pele, meus impropérios teus ouvidos, e, ao fim dessa luta bailada, quando os tambores calarem e as pulsações não mais tremerem os corpos, mansos, encaixados, é nos lagos dos olhos um do outro, que saciaremos nossa sede.

Cahê, andando de um lado ao outro da jaula

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