Friday, March 03, 2006

 

Flor-granizo e/ou Dentes de outono e/ou Sinfonia nº 2 para estômago, esôfago e piano e/ou Da saudade

Do comprimento de olhos semi-cerrados:
esta é a medida da palavra,
mesmo que fora de foco,
mesmo que enferrujada...

... e existia ali nas tripas, tatuada,
a palavra, vazia, pois que
o que lhe dava peso me subia
garganta acima, triste,
palavra que só em minha língua existe...

Da altura de mãos dormentes de cama:
este é o tamanho que me davas
ao tirar dos parênteses todas as minhas palavras
cavando-as (profana!),
cada letra uma dança insana...

Do calor de águas sucintas e madrugadas possíveis:
esta é a duração certa de cada queda,
de tudo que provoca desníveis,
cada gota, cada pedra de granizo
que em vão tenta congelar o solo onde piso...

Sobra ainda um nome? "Serafim"?
Terra que se lavra?
Reticências, aqueles pontos finais sem fim?
Ou somente o mesmo vazio da palavra?

Do volume dos meus olhos... e agora os fecho:
esta é a extensão da palavra
que engoliu o amor
que havia comido todo o resto...

... é flor-granizo e/ou dentes de outono
que caem...
... e me fazem cair no sono...



por João Victor... aguardando alguém com sorrisos no rosto...

Comments:
serafim...

uma busca, um delay, uma falta de sono e uma overdose homeopática de tudo...
para no fim descobrirmos
que as palavras são o própri vazio.
 
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