Friday, April 01, 2005

 

todas as teorias sobre inferno só falam de agora e hoje

No inferno não há papel. Ele só existe queimado ou em chamas. Escritores, acreditem, tem alguns por lá, sofrem. Crescem os tumores palavrais em seus cérebros e eles ficam a mercê de, no máximo, recita-los alto para ouvidos nenhuns. Imagino que no inferno, cada um com sua dor e sua lamentação, ninguém escuta ninguém. Isso mesmo, recita-los, é uma alternativa apenas para os mais despachados ou desesperados porque, senão esse o caso, nem isso. Para aqueles mais ciosos de suas obras, os que as guardam e releem e corrigem e mudam e editam e menhoram com o tempo, antes de mostra-las, pra esses o inferno é mais inferno...
Para os leitores a merda é, no meio de tanto chato reclamando, tentar achar e depois escutar um que fale algo no mínimo interessante.
Imagino até aquela nostalgia do terror de se ficar paralisado em frente ao papel branco...

Comments:
talvez a visao do inferno seja o papel branco
Tami
 
Uma vez um amigo me disse que se fosse para uma ilha deserta ou Big Brother (os dois não são quase a mesma coisa after all?), o primeiro ítem da lista seria papel e caneta. Depois de digerir o que ouvi, concluí que meu caso seria idêntico. Perto de não ter papel, computador ou qualquer coisa que permita a auto-expressão, qualquer tortura parece simplória e sem imaginação.
Beijinho,
Aline.
 
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