Tuesday, January 18, 2005

 

Mestre Bê

Pergunta-se a Borges: “Todos os que estamos aqui reunidos na universidade somos ou fomos alunos. Muitos somos ou fomos professores. Isto é certo ao menos no aspecto formal. Quais condições pensa você, Borges, como necessárias para que haja um mestre ou um discípulo?” Resposta de Borges: “Creio que só se pode ensinar o amor por algo. Eu não ensinei literatura inglesa, mas sim o amor por essa literatura. Ou melhor dizendo, já que a literatura é virtualmente infinita, o amor por certos livros, por certas páginas, talvez por certos versos. Ditei essa cátedra durante vinte anos na Faculdade de Filosofia e Letras. Dispunha de cinqüenta a quarenta alunos, e quatro meses. O menos importante eram as datas e os nomes próprios, mas consegui ensinar-lhes o amor por alguns autores e por alguns livros. E há autores, bem, dos quais eu sou indigno, então não falo deles. Ou seja, o que faz um professor é buscar amigos para os estudantes. O fato de que sejam contemporâneos, que estejam mortos há séculos, de que pertençam a esta ou àquela região, isso é o de menos. O importante é revelar beleza, e só se pode revelar a beleza que se sente.”

cahê, discípulo bastardo e imprestável, mas amoroso e grato...

Comments:
obrigada Mestre Bê e Mestre k-ê (daqui a alguns anos mestre em sua beleza)
dea
 
Lindo isso. Por isso ele foi um mestre. Em todos os sentidos. E olha que ele está falando de amor, um escritor que escrevia tão racionalmente e de forma tão contida. Lindo, lindo, lindo.

Al-ê.
 
Post a Comment

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?