Wednesday, November 24, 2004

 

minha complacência

Talvez haja muito plástico no que sinto, plástico sob meus dedos, tons pastéis no que vejo, insipidez, inocuidade, pouco, muito pouco. Um plástico que cerca devagar, despercebido e racional. Mas que quando notado grita NADA bem discretamente, num sussurro atroz, volumoso e monocórdico. Ele está lá, e eu aqui, mas o tempo passa, e ele continua, e eu definho. Ele ocupa um intervalo cada vez maior, e meu tempo, me é a cada dia, mais precioso. Seja metal, pedra, perfume ou organismo.
O plástico tem uma inércia inumana que transmite ao contato, ao silêncio que faz, à resistência ao desgaste. Fantasmagoricamente se mantendo brilhante, e limpo, e novo. E falsamente negando a perenidade. O que é um exemplo assustador.

cahê

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